BLOG PARA DIVULGAÇÃO DA LITERATURA RUSSA AOS FALANTES DE LÍNGUA PORTUGUESA.

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IVAN SERGUEIEVITCH TURGUENIEV foi um romancista russo que ganhou extrema notoriedade ainda durante sua vida, não dentro da própria Rússia como no exterior. Foi com Turgueniev que a literatura russa cruzou as fronteiras do próprio país, e ele abriu caminho para que outros clássicos viessem a ser recepcionados pelos leitores estrangeiros mais tarde. Não foi apenas por granjear fama com suas próprias obras no estrangeiro que Turgueniev abriu essa porta. Morando por muitos anos em diferentes países da Europa, ele também apadrinhou e apresentou pessoalmente escritores e escritoras russas da época nos círculos intelectuais da Europa ocidental, particularmente da França, polo intelectual da época e lugar onde sua obra foi recebida com maior entusiasmo. Tinha amizade com Flaubert, Gui de Maupassant, Alphonse Daudet, Émile Zola, Anatole France, George Sand, Vitor Hugo, entre outros.

Sua proximidade com os escritores franceses não significava uma proximidade dos estilos de escrita ou dos ideais. Em que pese alguns dos livros de Turgueniev terem ambientação fora da Rússia (por exemplo, «Накануне», A véspera ou Na véspera, que trata da independência da Bulgária), os temas e personagens da obra de Turgueniev eram bem típicos da literatura russa da época: as grandes indagações da humanidade apareciam com frequência, e os seres humanos eram retratados com olhar analítico, tanto em suas falhas, como em sua capacidade para os nobres atos. A profundidade desses temas e personagens foi o que chamou a atenção dos escritores estrangeiros para a obra de Turgueniev, e alguns o tinham como seu mestre.

Nem todas as novas obras de Turgueniev foram recebidas com o mesmo entusiasmo, porém. “Pais e Filhos” (Отцы и дети), possivelmente seu livro mais famoso, sobre jovens niilistas, publicado em 1862, recebeu críticas duras mesmo de amigos e gente que admirava sua obra até então. A escritora e editora da revista “O discurso russo” (Русская речь), Evguenia Tur escreveu

"Será possível que toda a geração jovem, a esperança da Rússia, estes brotos e seivas vivos, com as forças amadurecendo, devem todos se parecer com Bazarov, Arkadi ou Sitnikov? Na opinião dela, Turgueniev "encarnou nos pais as melhores exceções da velha geração, e as mais monstruosas exceções da juventude, nos filhos".

Devido à controvérsia que o livro gerou, Ivan Turgueniev deixou a Rússia e acabou se fixando definitivamente em Paris, onde moravam Pauline Viardot-García – a cantora de ópera que foi o amor da sua vida, a quem ele sempre seguiu pela Europa – e o marido dela.

A postura de Turgueniev também foi alvo de críticas por parte de Dostoiévski, que o caricaturou na figura de Karmazinov no livro “Os Demônios”, um escritor europeizado e extremamente cheio de si, e não muito apegado aos próprios valores e com opiniões políticas que podiam variar de acordo com sua conveniência, facilmente manipulado por Piotr Stepanovitch.


Independente das críticas, o trabalho de Turgueniev sem dúvida é notável e forte. Infelizmente, não temos ainda nenhuma tradução dele no blog (em que pese a tradução de um ensaio, “Hamlet e Dom Quixote”, esteja sendo encaminhada), mas ele foi traduzido muitas vezes para o português, e não é difícil encontrar suas obras em traduções diretas do russo, indiretas por meio do francês/inglês (edições mais antigas) ou até adaptadas para o público infanto-juvenil

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