Púchkin
С ПОРТУГАЛЬСКОГО
Там звезда зари взошла,
Пышно роза процвела.
Это время нас, бывало,
На постеле пуховой,
Дева сонною рукой
Отирала томны очи,
И являлася она
У дверей иль у окна
Ранней звездочки светлее,
Лишь ее завижу я,
Мнилось, легче вкруг меня
Воздух утренний струился;
Я
Меж овец деревни всей
Я красавицы моей
Знал любимую овечку —
Я
На тенистые брега,
На зеленые луга;
Я поил ее, лелеял,
Дева издали ко мне
Приближалась в тишине,
Я, прекрасную встречая,
«Девы, радости моей
Нет! на свете нет милей!
Кто посмеет под луною
Не завидую царям,
Не завидую богам,
Как увижу очи томны,
Так певал, бывало, ей,
И красавицы моей
Сердце песнью любовалось;
Где ж красавица моя!
Одинокий плачу я —
Заменили песни нежны
Стон и слезы безнадежны.
LIRA IX
A estas horas
Eu procurava
Os meus Amores;
Tinham-me inveja
Os mais Pastores.
A porta abria,
Inda esfregando
Os olhos belos,
Sem flor, nem fita,
Nos seus cabelos.
Ah! que assim mesmo
Sem compostura,
É mais formosa,
Que a estrela d’alva,
Que a fresca rosa.
Mal eu a via,
Um ar mais leve,
(Que doce efeito!)
Já respirava
Meu terno peito.
Do cerco apenas
Soltava o gado,
Eu lhe amimava
Aquela ovelha
Que mais amava.
Dava-lhe sempre
No rio, e fonte,
No prado, e selva,
Água mais clara,
Mais branda relva.
No colo a punha;
Então brincando
A mim a unia;
Mil coisas ternas
Aqui dizia.
Marília vendo,
Que eu só com ela
É que falava,
Ria-se a furto,
E disfarçava.
Desta maneira
Nos castos peitos,
De dia em dia
A nossa chama
Mais se acendia.
Ah! quantas vezes,
No chão sentado,
Eu lhes lavrava
As finas rocas,
Em que fiava!
Da mesma sorte
Que à sua amada,
Que está no ninho,
Fronteiro canta
O passarinho;
Na quente sesta,
Dela defronte,
Eu me entretinha
Movendo o ferro
Da sanfoninha.
Ela por dar-me
De ouvir o gosto,
Mais se chegava;
Então vaidoso
Assim cantava:
"Não há Pastora,
"Que chegar possa
"À minha Bela,
"Nem quem me iguale
"Também na estrela;
"Se amor concede
"Que eu me recline
"No branco peito,
"Eu não invejo
"De Jove o feito;
"Ornam seu peito
"As sãs virtudes,
"Que nos namoram;
"No seu semblante
"As Graças moram."
Assim vivia...
Hoje em suspiros
O canto mudo;
Assim, Marília,
Se acaba tudo.
DO PORTUGUÊS
Subiu a estrela da manhã
A rosa floresceu pomposa .
Essa hora – acontecia –
Em uma cama de penugem
Com a mão sonolenta , a virgem
E aparecia ela
Na porta, ou na janela
Mais brilhante que a estrela inaugural
Mais fresca que a rosa matinal .
E assim que eu a avistava
E eu me tornava mais livre.
Eu conhecia a ovelhinha
Eu a levava ao ribeirinho ,
Às margens sombreadas
Às várzeas esverdeadas ;
Dava-lhe de beber e a acalentava ,
Diante dela , flores semeava .
A virgem veio , de longe , a mim
Eu, ao encontrar a beldade ,
Mais bela que a minha alegria , não !
Quem ousará , sob a lua ,
Eu não invejo os reis,
Não invejo as divindades,
Quando vejo os olhos lânguidos,
O talhe fino, e as tranças escuras”.
Assim – ocorria – eu cantava para ela
E o coração da minha bela
Deleitava-se com a canção;
Mas extinguiu-se a benção.
Onde está minha beldade ?
Solitário, eu lamento –
As canções meigas foram trocadas
Por gemido e lágrimas desesperadas.
É bastante simbólico que a primeira tradução de literatura brasileira para o russo tenha sido feita , justamente , pelo "pai " da língua russa , o poeta Aleksandr Púchkin.
Prenúncio de uma relação literária fadada a dar certo , talvez ?
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