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A Princesa NATÁLIA BORÍSSOVNA DOLGORÚKOVA, também chamada DOLGORÚKAIA (1714 – 1771), foi uma célebre memorialista do Século XVIII, uma das primeiras escritoras russas.

Era da antiga linhagem nobre dos Sheremetiev, filha de um conde. Aos cinco anos, perdeu o pai, aos catorze, a mãe. Aos quinze anos, ficou noiva do Príncipe Ivan Aleksêievitch Dolgorúkov, cunhado e favorito do tsar Pedro II.

Após a morte do tsar, em 1730, com a ascensão ao trono de Anna Ioannovna, o noivo de Natália Boríssovna caiu em desfavor por supostamente ter forjado a assinatura do imperador moribundo num testamento falso, e falar mal da nova governante. Ela se casou com ele mesmo assim, e foram juntos para o exílio na Sibéria, onde tiveram dois filhos. O mais novo nasceu poucos dias antes da segunda prisão do Príncipe Dolgorukov, posteriormente condenado à morte por esquartejamento.

Após a execução da pena do marido, recebeu permissão de voltar para Moscou com os dois filhos. Dolgorukova esperou o filho mais velho terminar os estudos, ingressar no serviço público e se casar, e então entrou para um convento, rebatizando-se de Monja Nektaria. O filho mais novo, que sofria de uma doença mental, ela levou consigo para o convento e cuidou dele até a morte do rapaz, dois anos antes da sua própria.

Já no convento, no fim da vida e pouco antes de receber o grau superior (skima) na vida monástica, ela escreveu para os netos suas memórias, posteriormente publicadas, em 1810, em uma revista petersburguense. O historiador político e literário russo D. S. Mirsky (1890-1939), um dos responsáveis por promover a literatura russa na Grã-Bretanha e a literatura inglesa na URSS, comentou que, para além da elevação moral da autora, uma das principais virtudes do livro de Dolgorúkova está na simplicidade e na sinceridade despretensiosa da narrativa, bem como no “russo maravilhosamente puro em que somente uma aristocrata que viveu antes da época dos professores escolares poderia escrever”.

A autora foi homenageada por escritores russos do romantismo, como Ryleiev, que dedicou a Natália Boríssovna um dos seus poemas (XX) do livro Dum (Reflexão), e Ivan Ivanovitch Kozlov, que cantou em um poema as vicissitudes do destino da princesa:


Lembrei da noite em que, aflito
Pela tristeza inexprimível
No mosteiro estava sentado
Sobre uma laje imperturbável
Temível às ânsias, ao peito, amável,
Que decompunha pó sagrado;
À alma ela garantia:
Falha é a terrena alegria.
E a sombra da alteza Natália
Nas trevas sobre mim se espalha.
Я вспомнил ночь, когда, томимый
Тоской, ничем не отразимой,
В Печерской лавре я сидел
Над той спокойною могилой,
Надеждам страшной, сердцу милой,
В которой прах священный тлел;
Она душе была порукой
Неверной радости земной, -
И тень Натальи Долгорукой
Во тьме носилась надо мной.



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